segunda-feira, fevereiro 19, 2007

GRUPO AREA PROJECTO 12º B

Estamos de volta!
Depois desta pausa para descanso e reflexão, o Grupo do Blog 12ºB, regressa ao trabalho. Regressamos e com novos projectos. Para além da continuação do nosso trabalho de investigação, prometemos mais novidades, entre as quais as seguintes:
- criação de mais espaços de análise e discussão no nosso Blog;- reactualização do Blog com mais imagens e espaços de leitura (tal como nos foi sugerido por um(a) leitor(a);
- continuação das parcerias com várias Entidades, nomeadamente com o ACIME, com o Programa Escolhas, com o Programa de TV Nós, com todos os leitores/ participantes no Blog e, claro, com a Escola onde trabalhamos;
- organização em parceria de um Evento Multicultural na Escola, "coisa grande", que para já é segredo (não se pode revelar tudo, senão perde o interesse).
Fiquem connosco neste Projecto.
Sejam bem-vindos!
Grupo A.P. 12º B

1 comentário:

Anónimo disse...

A difícil questão da(s) identidade(s)
Olho a vossa fotografia e penso: - Quem são estes jovens? Talvez eu pudesse dizer mil coisas, generalidades, como se existisse um conceito comum para definir os jovens e por isso vos definisse também a vós. Ora, na verdade não existe, como bem explica Lévinas (um filósofo francês muito importante, mas não se assustem não vou falar de filosofia).
E cada um de vós saberia dizer quem é? Desconfio que a resposta não seria fácil, porque se deparariam inevitavelmente com a difícil questão das pertenças: - Eu sou quem? Pertenço a quem? Sou de onde? Quais os aspectos fundamentais da minha vida que partilho com outras pessoas? Que pessoas? O que partilho com todos os seres humanos? O que partilho com os europeus? O que partilho com as pessoas do meu país, da minha cidade, do meu bairro, da minha escola, etc? Quais os aspectos fundamentais da minha vida, invisíveis para os outros mas decisivos para mim? São só meus ou são também daqueles que vivem comigo, vão à mesma igreja, lutam pelas mesmas causas, etc?
Este enumerar de questões mostra bem a complexidade da noção de identidade. Na realidade, vivemos em contextos determinados, nada daquilo que encontrámos e vivemos é estranho ao ser humano que cada um de nós é e será no futuro. Somos, em nós mesmos, um ser múltiplo, condição da nossa existência individual que havemos de transportar pela vida. Esta identidade pessoal, umas vezes, encontra-se em grande harmonia e, outras vezes, em confronto de ideias, opiniões e valores – daí os processos de desintegração, de desenraizamento, de desfiliação, etc. – que se vão manifestando em diferentes momentos e situações.
Recordo um jovem de origem cabo-verdiana que, há algum tempo, me dizia: -“Chamam-me luso-africano, mas isso é o quê? Significa o quê? Já não sou o que os meus pais e os meus avós foram e são, mas também não sei o que sou. Afinal, sou quem? Pertenço a onde?”
Não são só jovens de origem africana que têm dificuldades de identidade, se questionam e se sentem, por vezes, marginalizados; são todos aqueles que, tendo raízes em culturas minoritárias se sentem desconfortáveis na sua própria pele, tanto em casa, como na escola ou no meio onde vivem. E assim se iniciam processos de desadaptação e de reacção contra o que encontram e não lhes dá as respostas que precisam, de modo a sentirem-se incluídos e valorizados. Estes sentimentos de não pertença à cultura maioritária fazem com que radicalizem aspectos da sua cultura de origem, dessa África longínqua, e para eles, muitas vezes, mítica, aonde a grande maioria nunca foi, ainda que uma parte deles próprios sempre tenha estado lá.
Como se vive com estes aparentes paradoxos: estar e não pertencer, pertencer e não estar? É muito difícil. Na procura das suas próprias referências, não admira que se agrupem por afinidades culturais, musicais ou outras e construam espaços de pertença, onde possam expressar valores culturais que também são seus.
Espero ter contribuído para a discussão sobre o tema que vos ocupa, mas posso não ter razão: questionem o que eu digo, discordem, levantem outras questões, reformulem os meus argumentos, etc. Tentar compreender, é isto.

Rosa Afonso