A PESSOA E APOLOGIA DA DIVERSIDADE
No último Artigo escrevi sobre a “pessoa” que está em cada um de nós, por intermédio da língua que falamos, a cultura partilhada, no nosso caso a “portugalidade”.
Sempre me fascinou o sentido oculto da “persona” do latim, que os gregos antigos conotaram com a “máscara” que existe em cada um de nós. Tudo isto me transporta numa viagem até às máscaras do poeta, Fernando Pessoa, que, melhor que ninguém se desdobrou um múltiplas “pessoas”, personalidades distintas e ao mesmo tempo complementares. Seria interessante se conseguíssemos perceber quantas e quais as máscaras que estão contidas na nossa pessoa!?
Não sei se este é o Fernando Pessoa dos académicos, dos grandes estudiosos da literatura portuguesa. Provavelmente nem estou a abordar o poeta como deve ser!? Mas suponho que ele tenha percebido, melhor que ninguém, a multiplicidade interior que há em nós. É como se cada um fosse diverso, múltiplo e plural, o que vai ao encontro da noção de persona cultural, como se diz hoje, multicultural. Por isso (e não só), nunca perco a oportunidade para celebrar a multiculturalidade que há em mim e que estava presente nos escritos do poeta.
Estou convencido que é isso que nos marca e demarca como povo; essa tendência e presença de diversidade em cada português, mesmo naqueles que ainda não se aperceberam disso. Curiosa é a identidade entre o que o poeta escreveu e aquilo que somos: o Modernismo assentava nessa diversidade e pluralidade, na nossa alma de cidadãos diversos interiormente; múltiplos com várias máscaras, identidades, seres inquietos á procura do que realmente somos.
Gostaria de aproveitar o privilégio de poder escrever no Margem Sul para fazer a Apologia da Diversidade, quer através do grande mensageiro que foi Pessoa, quer através de iniciativas que as Escolas e outras Entidades continuam a fazer em nome desta “causa”. Primeiro, o elogio ao facto de nas Escolas ainda se aprender (estudar) Fernando pessoa e “as pessoas que ele contém”. Em segundo lugar, aproveitar para reforçar a ideia de que as Escolas continuam a ser os poucos espaços em que se respeita e estimula a diversidade. A Cidadania e a Ética continuam a ser preocupação de Professores e Educadores, mesmo quando lá fora (das Escolas) prevalece o individualismo e o egoísmo atroz. Estou convencido que o nosso maior deficit é de cidadania, muito pior do que o deficit económico. Precisamente quando não conseguimos ver o outro que há em cada pessoa. “Viver é ser outro”, dizia Bernardo Soares (heterónimo).
Só a consciência deste mal nos poderá conduzir a um bem. O mal é o individualismo capitalista que se apoderou de nós; o bem é a diversidade, uma riqueza, talvez a maior das riquezas: a aceitação da pessoa múltipla que existe em cada de nós. Deixo-vos a palavra do Poeta: “Sê plural como o Universo” e também alguns Sites que celebram e estudam a multiculturalidade muitas vezes em conflito aparente com a globalização:
http://olhosdever.wordpress.com/2008/04/14/multiculturalidade/
http://www.apfilosofia.org/documentos/pdf/JMAndreIdentidade(s)_Multiculturalismo.pdf
http://www.areaprojecto1.blogspot.com/
Luís Manuel Mourinha
in Jornal Margem Sul
Barreiro
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